HISTÓRIA DO SR. MANOEL BOMBARDINO

 

 

 

 

Em 1931, chega a Gravatá Manoel Pereira da Silva, jovem de 17 anos de idade, oriundo de Pesqueira, nascido em 08/09/1914. Chegou sozinho para aventurar-se nesta cidade, que refletia um clima de muita prosperidade na época. Era filho do mascate José Pereira da Silva e da doméstica Maria Serinhaém da Silva, de origem indígena. E, a exemplo, de seu conterrâneo, Joaquim Didier, que o precedeu nesta terra, fez de Gravatá sua cidade do coração. E, aqui chegando, integrou-se à Banda Musical 15 de Novembro tocando o bombardino que lhe rendeu o sobrenome, pela perfeição com que lidava com esse instrumento, um dos mais difíceis de domínio na arte musical, segundo especialistas. Manuel Pereira da Silva, logo conhecido por Manoel Bombardino, em pouco tempo revelou as suas grandes qualidades musicais e a grande versatilidade para trabalhar a música com os mais diversos instrumentos. Além do mais, pelo seu carisma, e zelo ímpar pelas coisas da Sociedade 15 de Novembro e por seus companheiros, com os quais usava de muita energia e um grande sentimento humanitário, conquistou em 1938, a função de contramestre da Banda 15 de Novembro. Para tanto, além de suas qualidades, reconhecidas por todos, foi apresentado pelo então presidente Manoel Ramos da Costa, contando com a aprovação de toda a Diretoria. E no ano seguinte, passou a regente, substituindo Manoel Leite, com o qual fez parceria ao longo de um ano (1938/1939).
Vale salientar que a função de regente conferida a Manoel Bombardino se estendeu por 56 anos de pleno exercício de amor à causa e aos ideais dos fundadores da Sociedade Musical 15 de Novembro, o que não foi fácil, por insuficiência de apoio dos poderes públicos e esta entidade. É tanto que, para suprir tais necessidades havia o Bando Rubro (uma pequena Banda de Baile) que abrilhantava as mais diversas atividades da época para levantar fundos para a manutenção da Sociedade Musical 15 de Novembro, conforme registro em Ata (23/03/1939) E tudo isso, Manoel Pereira, como regente e conselheiro acompanhava de perto, inclusive como integrante da Banda Rubro. Aliás, em relação à arte musical, devido a sua grande versatilidade, curiosamente o grande Manoel Bombardino se revezava entre a regência e o corpo efetivo da Banda, porque tocava os mais variados instrumentos musicais, tudo fazendo pelo engrandecimento desta entidade.
Assistiu também a muitas crises internas que foram habilmente superadas, agindo convenientemente, de acordo com a situação, sempre em defesa dos ideais que inspiraram a existência da Sociedade Musical 15 de Novembro e que continuam a inspirar em todos os tempos. Neste sentido, uma das preocupações fundamentais tem sido a manutenção da Banda através do trabalho da Escola de música, hoje com o nome Escola de música Manoel Pereira.
Havia na relação do mestre Bombardino com os músicos da Banda uma relação de pai para filho, o que justificava ser a sua casa, um abrigo seguro para um ou outro músico, recebendo a mesma assistência e proteção que era dispensada aos seus filhos. Entre esses músicos, destacam-se Moacir Santos e Maviael, que conviveram anos no seio da família do maestro. Moacir firmou-se como saxofonista e compositor, vivendo da arte musical nos Estados Unidos, especialmente compondo trilhas sonoras. Já o Maviael vive em Brasília, integrado à Banda do Corpo de Bombeiros. Além do mais, era incansável na defesa dos músicos, reivindicando das autoridades competentes, nas assembléias e em conversas particulares a oportunidade de trabalho para os mesmos, justificando que não era possível o músico sobreviver apenas de sua arte, pelo menos numa cidade como Gravatá, naquela época.
Do mesmo modo, sabia reconhecer e agradecer o apoio dado aos seus protegidos e os serviços prestados em favor da Sociedade Musical 15 de Novembro, procurando fazer com que a Diretoria rendesse as devidas homenagens a quem assim procedesse.